Ao entardecer, as lamparinas
começavam a acender suas luzes fracas em torno dos trilhos abandonados. Tudo o
que era movimento acabou por se esconder atrás do matagal alto e amarelado para
manter a sobrevivência naquele lugar.
A pequena Ladra batia forte
suas botas sujas nos cascalhos do caminho do trem. Cada passo era uma gota de
sangue que escorria no rosto do senhor da cartola. Quis chorar, mas já não
tinha tempo e enquanto alguém gritava o sangue do sacrifício, a Pequena Ladra
ouviu o seu nome. Com medo, virou-se.
Atrás de si encontrava-se
uma mulher de cabelos cor de laranja e lisos. Carregava uma bússola presa na
carne do pescoço, na altura da jugular. Alguém a havia machucado, mas já não
lembrava. Apenas sabia que se retirasse dali aquele objeto que a infeccionava
lentamente, seriam quatro minutos espirrando sangue e nunca mais veria a
Pequena Ladra.
A Pequena Ladra virou-se de
cabeça baixa. Não disse palavra alguma. Escondeu a manga suja de sangue.
- Mocinha, se eu sei o teu
nome, tu sabe quem eu sou. Diga quem eu sou!
Não disse palavra alguma.
- Mocinha! Está na hora.
A Pequena Ladra abaixou-se
devagar. Uma lágrima escorreu pelo seu queixo - não queria ter de fazer
aquilo... De dentro da sua bota encardida, retirou um pequeno canivete. E foi o
tempo da moça ruiva sentir a rajada de vento quente em seu rosto para que sua
coxa sangrasse em um urro inaudível. Enquanto isso, a menina já estava longe,
correndo por um caminho diferente daquele que o trem costumou fazer.
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