domingo, 17 de fevereiro de 2019

Capítulo XIX



      Permaneceria fugindo até quando? Quando reencontraria com todos? Até quando teria que procurar por chaves incapazes de desencadear o segredo?Eram muitos questionamentos enquanto esperava a comida que estava sendo preparada.
      - Espere lá fora! - ordenou a Nova Passageira.
      Assentiu com a cabeça e saiu da padaria. No céu, um Zeppelin passava tranquilamente, exibindo-se.
      A chuva de questionamentos inundava cada vez mais sua cabeça. Onde estaria o Homem Cego? Estaria bem? Por que aquelas pessoas estranhas estavam se preocupando com ela? Será que alguma delas trabalhava para Xaphan? Será que também buscavam ter as chaves que ela roubava?
      De repente, o rosto de Xaphan se emoldura à sua frente. A Pequena Ladra estremece e perde suas forças, emitindo um som seco ao cair ao chão. Não havia mais forma de fugir, afinal, como poderia querer enganar um dos anjos que, unido à rebelião de Lúcifer, queria incendiar os Céus?!
      Embora ainda responsável por manter aceso o fogo do inferno, ali estava o demônio à sua frente, em formato de mulher, com seus olhos verde-água penetrantes em seus olhos roxos, engolindo lentamente a alma da Pequena Ladra.
      O que antes era vazio transformou-se em ardência. Agora, oficialmente, não havia mais retorno. Xaphan encontrara tudo o que a Pequena Ladra buscava esconder. Neste momento, líquidos rançosos passaram a escorrer pelas pernas da menina, enquanto ela convulsionava. O capuz de seu casaco caiu de sua cabeça, revelando a pele e escarras.
      Durante nobres onze segundos de tortura da pior espécie o relógio parou de funcionar. Nada seria o mesmo depois disto.


      Um grito de estremecer as entranhas se fez presente e a Pequena Ladra despertou sem saber o que havia acontecido. À sua frente estava a Nova Passageira, sorrindo, segurando os pães.

      - O que aconteceu? - questionou.
      - Eu não sei exatamente, menina. tome, coma um pão! - disse a Nova Passageira, lhe oferecendo o alimento. - Você deve estar muito fraca. Não desmaie mais, senão acharei que perdi você de vez.
      - Que diferença isso faria na sua vida? - respondeu, rancorosa.