Caminhando perdida, duas
mãos pousaram bruscas nos ombros da Pequena Ladra. Tentou correr, mas não
conseguiu. Uma voz gélida surgiu pegajosa na orelha direita da mocinha para lhe
dizer:
- Estou te cuidando. Preciso
de você.
Marcando a mocinha com as
unhas, aquele ser beijou-lhe a nuca, abaixo da orelha. A Pequena Ladra começou
a chorar. Sabia que esse era o sinal. Fugir da Mulher Ruiva não adiantara de
nada e agora ela estava batizada por Xaphan.
- Você sabe bem que tem uma
saída, Pequena Ladra. Está na hora de você deixar de ser menina! Juntos,
dominaremos os Sete Príncipes. Você sabe o que fazer.
Não deixando rastros de sua
existência, o anjo caído desapareceu. A Pequena Ladra tentou respirar com
calma, mas sentia cada vez mais dificuldade de manter sua saúde. Talvez devesse
se juntar àquela situação... Talvez não devesse. Já não sabia mais se havia
motivo de seguir fugindo, de conseguir encontrar a chave correta...
Precisava encontrar o Homem
Cego e contar-lhe!... Ou permanecer muda. Certamente não seria correto envolver
aquele homem bom à profundeza podre da marca que agora carregava.
Finalmente, então, a mocinha
conseguiu se mover. Deu dois passos à frente e parou. Olhou para a esquerda e
as pessoas estavam paradas, como que hipnotizadas. Igual às pessoas que
aguardavam o trem partir na estação. Olhou para a direita e não havia ninguém.
O único movimento vinha do balão no céu.
Cutucou uma mocinha qualquer
e percebeu, depois, que era a Nova Passageira. Um tanto aliviada, a Pequena
Ladra tentou acordá-la daquele estado congelado, mas nada conseguiu. Segurou a
sua mão e começou a andar. Inexplicavelmente, a Nova Passageira seguiu
caminhando junto.
- Vamos voltar para a
estação? Vamos... Eu te levo... Vamos!
Um silêncio afrontador
mergulhava em fagulhas dentro dos ouvidos da Pequena Ladra. Ela ainda não havia
conseguido parar de chorar. Precisava encontrar o Homem Cego. Queria rever a
sua mãe...
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