domingo, 8 de fevereiro de 2015

Capítulo VIII



A Pequena Ladra e o Homem Cego tentavam descobrir o segredo para abrir a porta no chão. Não haveria motivo para haver uma maçaneta ali se não houvesse uma porta atrás dela. Já era quase dia, mas eles não tinham mais fome. Percorreram uma longa trilha de árvores frutíferas e isso foi suficiente.
Não sabiam o que fazer, mas tinham que fazer algo. Tinham que dar um jeito! A mocinha começou, então, a bater com a sola da bota naquele chão de vidro.
- O que tem aí? - questionou o Homem Cego.
- É um círculo. Um círculo de vidro. No meio, há uma maçaneta. Parece um relógio.
- Então temos que localizar os ponteiros!
A Pequena Ladra tomou distância e fitou com atenção aquele lugar. Percebeu que a maçaneta estava direcionada para onde o Sol se punha, mas isso poderia não significar nada. Também percebeu que havia mais areia acima e abaixo da maçaneta, e, possivelmente, isso era desigualmente importante. Voltou para o centro do círculo e repetiu o ato de pisar forte. Queria quebrar. Foi quando a mão do Homem Cego repousou em cima de sua cabeça com cautela. Deveria mesmo haver uma forma mais delicada de resolver aquilo.
O Homem Cego abaixou-se e ficou tocando a maçaneta enquanto a Pequena Ladra percebia que ele ainda possuía resquícios de sangue no rosto. Com isso, ela tocou o seu próprio rosto, tentando entender as engrenagens que a acompanhavam e se questionou se era por esse motivo que aquele homem tão carinhoso havia furado seus próprios olhos.
- Descobri! - gritou o Homem Cego. - Neste ponto - disse apontando para o lado esquerdo da maçaneta - há uma linha comprida. É o ponteiro dos minutos. E mais ali - apontou, então, para o lugar acima da maçaneta - há um traço mais grosso e curto. É o ponteiro das horas. São onze horas e quarenta e cinco minutos.

- E daí?

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